segunda-feira, 7 de abril de 2014

Organizando o pensamento - Ciúmes.





O ciume é um tema que ultimamente tem me agradado bastante. Como a maioria, eu sempre fui ciumenta mas, achava que não fosse. Eu me via como uma namorada muito tranquila, nunca fui dessas de proibir nada, mas mesmo não proibindo eu continuava irritada e "bicuda" com diversas coisas.

Como a maioria também, eu fui criada em uma cultura bem definida de relacionamento. Do tipo " X namoradx vai?", "elx não vem almoçar?", "você não liga que você tá aqui, e elx em outro estado com os amigos?", "Elx ta bebendo sem você!!!!", "como assim você vai na balada?! Você namora!".
 Basicamente, nos meus diversos círculos de convivência durante meus 20 anos, eu via discursos que cobravam presença, controle, cobrança mesmo, o "manter a rédia curta" sempre foi naturalizado, comum, necessário. A sensação que eu tinha era que, se você tem alguém, você tem que meter na jaula se não pronto, fodeu, vai tá solteira em três tempos.
Conforme meus círculos aumentaram, a exigência era a mesma. Vinha em frases diferentes, de diferentes pessoas, e até a cobrança do próprio parceiro "como assim você não liga?!". Com o passar do anos, me vi em crises intensas de um ciúmes que eu não sabia da onde vinha e, mesmo não sabendo, achava certíssimo. 


Culturalmente falando, eu me vejo como uma pessoa que foi "ensinada" a ser ciumenta desde que vivenciei relacionamentos amorosos nos meus círculos.

Tá, mas por que eu to falando disso: Quando comecei a abrir meus olhos para outras questões além do "tem doce em casa?", comecei a perceber como o sentimento de posse é contraditório com várias coisas que eu defendo. Se eu acredito que cada pessoa pertence a si, não é errado eu querer possuir?



"Mas então você não tem medo de ser traida?" Traição é tudo aquilo que foge do combinado e da confiança -beijo e sexo não são necessariamente traição- e ter a confiança traida é como se seu chão virasse fumaça. então, claro, eu tenho medo que me traiam. Mas não da forma que a maioria das pessoas vê a traição, mas isso eu já falei.

Eu acredito que uma relação amorosa é formada no desejo/vontade. A outra pessoa envolvida antes de qualquer coisa, desejou estar com você. Pelo sexo, pelo papo, pelos gostos similares, pela comodidade...Enfim, por algum motivo o desejo de ficar com você sobressaiu dentre outros fatores. O desejo pode aumentar, ou diminuir, mas ao meu ver, a vontade é o inicio e o fim. Ela sempre vai estar lá. E, muitas vezes a resposta pro "por que você tá comigo?" e "porque eu quero".
E a vontade tem sido desmerecida, como se você realizar um desejo fosse supérfulo, que diminuisse o sentimento, quando na verdade foi daí que o sentimento pipocou. Só que o problema é que nem sempre o sentimento secundário é amor ou paixão, as vezes é a necessidade, não aquela bonita  de precisar ver alguém pra relaxar depois de um dia de merda, é aquela tensa que a pessoa tá em todos seus círculos, não tem como fugir, mesmo que o relacionamento te destrua. E você começa a acreditar que não consegue nada sem ela te apoiando ou até fazendo as coisas por você. 
Outros sentimentos surguem a partir desse, como a ~~ onipresença~~ ai a pessoa tem que estar ali o tempo todo e em tudo, ou nada parece certo ou suficiente. Nisso, começam os "eu não vou, você não vai" e a posse e ciumes começam a tomar forma -isso se já não estão lá, respirando no seu cangote.

Sendo qual sentimento que surgiu depois, na maioria dos casos a vontade é esquecida. A pessoa ~~ esquece~~~ que com chuva, sol, com 100 pessoas, em outro estado, outro continente, a vontade é a mesma. E se, naquele momento ela QUER estar com você (beijar você, abraçar você, mimar você, namorar com você), nem um mar de pessoas vai mudar isso. Mesmo que ela queira beijar uma dessas pessoais ai do mar de pessoas. 
dai vem o "mas se a gente começou com a vontade, se elx ter VONTADE de outra pessoa também pode dar em algo, não pode?" Pode. É, só pode. E, ela pertence a ela e ela desejou estar do seu lado. Nada garante que ela vá te desejar pra sempre, e nada garante que um desejo por outrem vai destruir tudo que um relacionamento construiu. 
A questão é que nem todos os Oráculos vão saber te dizer se a vontade por outro vai te afastar. 
 Nessa hora entra outra questão foda: confiar no outro e confiar em si. Nesse momento que as pessoas falham. E entedam "pessoas" pela bonita aqui que tá escrevendo.
No fim de tudo isso, os ciúmes são como um câncer mental. Começa pequeno, você nem sente ele ali, e quando você vê, dominou toda sua saúde mental e a cada dia que passa você se vê mais submissa a um sentimento pesado que te faz sofrer (culpa, baixa auto-estima, insegurança...). E se livrar disso é, e não minto, um processo longo, trabalhoso, cansativo mas estranhamente faz você se sentir bem e levanta sua auto-estima.

Meu conselho é: tendem "anular" o ciúmes da sua vida. Não só do boi magia, ou da mulher-maravilha, de tudo. Não adianta ser susse com o boi e ameaçar de morte a amiga que recusa saída.

E, leiam esses posts magia:

http://papodehomem.com.br/ciume/ (fonte da foto. O nome é meio ~~ blé ~~ mas o post é legal)


Beijos de luz hue.

Nota: eu to trabalhando meu ciúme a um tempo, e por isso fiz esse post. Como uma forma de, literalmente, organizar meu pensamento sobre e me guiar nesse processo loco que vai contra ~~a cultura~~ 

Um comentário:

  1. Gostei do post!! ^.^ tenho problemas sérios com ciumes e ele estraga tudo.. se controlar é difícil e deixar de sentir é impossível pra mim.. luto a uns 2 anos contra esse sentimento doido que quase acaba com meu relacionamento, mas agora ta melhorando. também sinto que fui "ensinada" a ser ciumenta por inúmeras pessoas. e isso é um saco! mas você chega la mari! continue se esforçando vale muito a pena! ;-)

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